Dentre os dons ministeriais mencionados no livro de Corintios, o pastoreio é um dos mais conhecidos, não é título ou uma posição, e como um dos dons ministeriais, não são concedidos pelos homens, no caso, pelo corpo de obreiros. Os dons ministeriais, assim como os dons espirituais são concedidos por Cristo a membros de sua Igreja, independente do cargo que ocupam. Enquanto que os cargos ministeriais (diácono e presbítero), são escolhas feitas pela igreja de pessoas reconhecidamente capacitadas para aquela função.
Ser pastor não é ter uma posição, não é título, não é servir a uma denominação. Ser pastor é um dom ministerial, é exercer uma função no corpo de Cristo, e só pode ser exercido debaixo do senhorio de Jesus Cristo através do Espírito Santo, pois disse Jesus "Eu Sou a videira, vós os ramos. Aquele que permanece em mim, e Eu nele, esse dará muito fruto; pois sem mim não podeis realizar obra alguma" (Jo 15:5).
Para exercer os dons, este nem sempre necessita da imposição de mãos. O Novo Testamento não traz a imposição de mãos como uma regra. Se fossem necessários a imposição das mãos para exercício dos dons ministeriais, também seria necessário para dons espirituais e para batismo com o Espírito Santo, pois em Atos dezenove Paulo impõe as mãos sobre alguns discípulos para que recebessem o Espirito Santo, "E, compreendendo isso, eles foram batizados no Nome do Senhor Jesus. Quando Paulo lhes impôs as mãos, veio sobre eles o Espírito Santo e começaram a falar em línguas e a profetizar" (At 19:5-6).
A imposição de mãos para separação, bem como para dons e para batismo no Espirito Santo não é uma regra bíblica, tanto as leis de Deus quanto as leis terrenas, estabelecem o que é proibido e o que é direito. Filipe e Estevão foram separados ao diaconato, porém, receberam o dom de evangelista e desempenharam esta função com esmero e poder, no Espírito, sem nunca terem recebido uma imposição de mãos específica para o cargo de evangelista.
Quem distribui os dons é o Espírito de Deus, sejam dons espirituais ou dons ministeriais. Estes dons não podem ser dados por homens, somente Jesus pode conceder essa graça, por meio de seu Espírito, "Pelo Espírito, a um é dada a palavra de sabedoria; a outro, pelo mesmo Espírito, a palavra de conhecimento. A outro, pelo mesmo Espírito, é outorgada a fé; a outro, pelo único Espírito, dons de curar; a outro, poder para operar milagres; a outro, profecia; a outro, discernimento de espíritos; a outro, variedade de línguas; e ainda a outro, interpretação de línguas. Entretanto, o mesmo e único Espírito realiza todas essas ações, e Ele as distribui individualmente, a cada pessoa, conforme deseja. Unidade na diversidade" (1Co 12:8-11), "E a cada um de nós foi concedida a graça, conforme a medida repartida por Cristo. Assim, Ele designou alguns para apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas e outros para pastores e mestres" (Ef 4:7,11).
No milênio passado, a igreja possui inúmeros exemplos de ações de Deus restaurando a verdade através de reformas e avivamentos, estes realizados por Jesus Cristo através de seu Espírito, onde se dependessem da imposição das mãos de homens, jamais teriam ocorrido, pois a igreja passou séculos na obscuridade, tendo Deus que levantar homens santos que iniciassem Sua obra sem receberem a imposição de outros homens santos que não existiam.
Deve-se entender que não é correta a "consagração" de alguém para ser pastor e nem é de se esperar que pela imposição de mãos, alguém se torne um pastor. Separar, não consagrar, é apenas o reconhecimento público pelo ministério da Igreja (ou seja, pelos presbíteros/anciãos), de uma chamada concedida por Deus. Foi assim em Atos 13, quando o Espírito Santo disse: "Separai-me a Barnabé e a Saulo para a obra a que os tenho chamado". E os obreiros da igreja impuseram as mãos sobre eles e os enviaram para realizarem a obra a que haviam sido chamados. Que obra era esta? - o apostolado. Veja que "apóstolo" é um dos dons ministeriais. Eles já haviam recebido o dom e o chamado. A igreja, através de seus ministros, apenas reconheceram. Portanto, o que a Igreja deve fazer é separar alguém que já esteja exercendo o pastoreado, uma vez que seu dom ministerial, concedido por Deus, é claramente reconhecido pela Igreja.
Nem no Novo Testamento, nem na história da igreja primitiva, existe alguém sendo consagrado a pastor, como sendo um cargo ministerial, tal qual é o de presbítero, por exemplo. Nem para que, uma vez consagrado, fosse superior hierárquico. Em algum momento isto, equivocadamente, passou a ser praticado em algumas igrejas, que passou a dar a esta pessoa (que é consagrado a pastor) uma posição de superioridade na hierarquia ministerial. Os únicos títulos ou cargos ministeriais que têm respaldo bíblico são os de DIÁCONO e PRESBÍTERO. O diácono, no caso, não é um ministério espiritual, mas alguém que foi separado (escolhido) para servir às mesas. É uma atividade material que permite àqueles que exercem o ministério espiritual trabalhar com mais tranquilidade.
Já o presbítero, é escolhido pela igreja e separado para o ministério espiritual, pode receber de Deus o dom para pastorear, bem como para ser um evangelista, ou profeta, ou apóstolo, ou doutor. Ou, ser simplesmente, um ancião da Igreja - alguém que, por ser idôneo e experimentado no trabalho do Mestre pode aconselhar, ajudar a tomar decisões e liderar os cultos e liturgias da Igreja.
No livro de Mateus no capitulo treze, Jesus exorta a todos para o perigo de desejarem posições e títulos para serem observados pelas pessoas. O Novo Testamento nos ensina que somente Deus possui a posição e o título, pois a Ele pertence a gloria. O fato de Jesus designar funções delegadas à seus serviços pelo Seu Corpo tem sido motivo de muitas discussões nas igrejas pelo simples fato do entendimento partir da intelectualidade carnal, pois se fosse testificado pelo Espírito, saberiam que exercer funções delegadas, não dá ao que exerce o título e a posição de quem as delegou. "Tudo o que realizam tem como alvo serem observados pelas pessoas. Por isso, fazem seus filactérios bem largos e as franjas de suas vestes mais longas. Amam o lugar de honra nos banquetes e os primeiros assentos nas sinagogas. Gostam de ser cumprimentados nas praças e de serem, pelas pessoas, chamados: ‘Rabi, Rabi!’. Vós, todavia, não sereis tratados de ‘Rabis’; pois um só é vosso Mestre, e vós todos sois irmãos. E a ninguém sobre a terra tratai de vosso Pai; porquanto só um é o vosso Pai, aquele que está nos céus. Também não sereis chamados de líderes, pois um só é o vosso Líder, o Cristo. Porém o maior dentre vós seja vosso servo" (Mt 23:5-11). No Corpo, somos todos servos, temos o dever de exercer as funções delegadas pela Cabeça que é Cristo, só Ele possui o título e a posição e nós a função (de pastor, de mestre, de apostolo). Ser delegado é ser designado!
"Jesus Cristo é o mesmo, ontem, hoje e eternamente! Não vos deixes influenciar pelas várias doutrinas heréticas" (Hb 13:8).